Era o primeiro período da graduação de Psicologia e o trabalho proposto pela professora consistia em escrever sobre quais seriam as motivações para fazer aquele curso. Sinceramente, acho que fui capturada pelo desejo em escutar e tomada pela curiosidade a respeito dos desdobramentos da mente humana.
A psicologia desperta desde seus primórdios um mergulho investigativo e histórico que me conduz ao fascínio, instigando a cada novo aprendizado uma nova cadência em meus pensamentos.
A psicanálise, da mesma forma, sempre esteve presente em minha vida; desde os primeiros anos de análise e de formação universitária, até os meandros que me conduziram às especializações.
Uma lente extremamente fina se instalou diante dos meus olhos e conduz até hoje minhas atividades como Psicanalista; a clínica, as instituições, o serviço público, transformaram o meu olhar sobre o comportamento humano.
Costumo dizer que a psicanálise é uma visão de mundo; dissecar o inconsciente através da fala do paciente exige seriedade do analista, disciplina e o que considero fundamental nos dias de hoje: não cair em armadilhas pré-moldadas do mundo digital.
A exigência preconizada pelo pai da psicanálise, Sigmund Freud, parece cair no desuso de muitos daqueles que usam da técnica para divulgar seus trabalhos de maneira frívola, com propagandas enganosas, sem considerar, em muitos dos casos, a premissa e importância sobre o que reverbera do trabalho em análise.
O desejo em imprimir as minhas ideias e transpor o conhecimento adquirido sobre a técnica psicanalítica; surgiram dos impasses que atravessam a clínica contemporânea; a incessante busca pela psicanálise que converse de forma clara e objetiva com a vida cotidiana, conservando sua real complexidade. Entretanto, propiciando um espaço onde pessoas queiram construir um percurso de autocuidado para melhorar suas vidas.